quarta-feira, 2 de março de 2011

Bron-Yr-Aur

No ano de 1975, a banda inglesa mundialmente famosa Led Zeppelin (cuja obra-prima "Stairway to Heaven" inspira o nome desse blog) ficou parada. Não fez turnês, não fez álbuns, nada. Segundo os demais membros da banda, eles usariam aquele tempo para tirar uma folga do sucesso da banda. Jonh Paul Jones usaria o tempo livre para trabalhar em uma outra banda, Jonh Bonham viajou pelo mundo com a família e Robert Plant lançou um álbum solo. Muitos se perguntaram se não era o fim da banda disfarçado de "folga".

Porém, eu disse os demais membros da banda. Jimmy Page não parou.

Jimmy Page, o guitarrista e alma do Led Zeppelin não precisava de álbuns solo, pois "os álbuns do Led eram seus álbuns solo", segundo o jornalista e autor do fantástico livro sobre a banda "Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra" Mick Wall.

Assim sendo, ele tirou seu ano de folga para visitar a costa oeste da Inglaterra junto com Robert Plant (em um dos poucos finais de semana em que o ocupadíssimo Plant estava livre das gravações de seu álbum solo).

A viagem acabou se tornando no próximo álbum do Zeppelin, "Physical Graffiti". Uma das faixas foi gravada nesse final de semana, em uma antiga construção celta na qual Page e Plant passaram a noite. Segundo os pescadores da vila mais próxima, o lugar era assombrado pelas almas dos soldados que morreram lutando contra os saxões em defesa de sua pátria. A fortaleza se chamava Bron-Yr-Aur (se pronuncia bronraur).

É interessante imaginar como a inspiração atingiu Page e Plant naquele lugar tão antigo e os permitiu criar uma faixa tão singular como "Bron-Yr-Aur". As paredes em ruínas molhadas pela chuva constante da costa da Inglaterra e apenas uma fogueira para iluminar o lugar criaram um ambiente que coincide com o tom da música. Bron-Yr-Aur é provavlemente o lugar mais inusitado para se compor uma música... Mas, mesmo assim, eles fizeram, e o resultado é interessante.

Nos leva de volta há muitos séculos atrás... Para a Inglaterra da Idade das Trevas, ou melhor, a Britânia, onde seu povo, os bretões, governavam em cima de ruínas da ocupação romana, sempre travando guerras contra os invasores de além-mar e entre si próprios. Não existem documentos muito precisos da Idade das Trevas, principalmente porque as pessoas não conseguiam erguer uma ponte que durasse mais de um ano, ainda mais deixar documentos para as gerações posteriores. Mas, se não podemos nos ater aos fatos, porque não brincar com a fantasia?

A Idade das Trevas (século 5 a.C.) foi a época em que se presume que viveu um dos personagens mais interessantes da mitologia inglesa: O Rei Artur. Pouco se sabe ele, ou se sequer existiu, mas enquanto a viagem no tempo não é possível, podemos viajar para a Britânia de Artur de outra forma: Através da literatura.

Um dos livros que nos permite voltar a essa época mítica é "O Rei do Inverno". Escrito pelo Inglês Bernard Cornwell, é uma obra na qual o autor que se atém a um ou outro frágil fato real e constrói um mundo sólido de ficção com batalhas épicas, paredes de escudos, magia, honra, traição, sangue, lealdade,amizade, amor e, principalmente, com homens capazes de mover montanhas por um único objetivo: As terras verdes e férteis da Britânia.

É uma obra fantástica, e vale a pena se dar ao trabalho de conhecê-la melhor. Bernard Cornwell conta a verdadeira história do Rei Artur, um homem que jamais foi rei, pelo ponto de vista de um dos seus lanceiros: O humilde Derfel. É impressionante como se ganha afeto pelos personagens, e quando você se dá conta, está torcendo por eles, amaldiçoando outros e xingando o autor por ele ter matado alguém que você gostava na história.

"O Rei do Inverno" é o primeiro livro da trilogia "As Crônicas de Artur", que continua com "O Inimigo de Deus" e tem seu desfecho em "Excalibur". Vale à pena conhecer.


 

Bron-Yr-Aur

Led Zeppelin

Physical Graffiti

Swan Song Records


 


 

2 comentários:

  1. Por que não brincar com a fantasia? Essa é uma excelente pergunta, que devíamos nos fazer mais vezes.

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  2. Gostei muito de como vc faz a passagem do comentário da música para o do livro. Fiquei com vontade de ouvir a música e ler os livros. Alias, ouvindo a música agora mesmo ;-)

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